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Arquitetos: etal.
- Área: 930 m²
- Ano: 2024
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Fotografias:Federico Farinatti
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Fabricantes: Persiana Barcelona

Descrição enviada pela equipe de projeto. A casa multigeracional com formas de convivência comunitária foi realizada para e com um grupo de construção coletivo — uma Baugruppe (grupo de pessoas que comissionam o próprio projeto habitacional, neste caso em parceria com o Mietshäuser Syndikat – https://www.syndikat.org) — em Munique, com o objetivo de oferecer moradia acessível, autogerida e de aluguel a longo prazo. Por meio de um processo seletivo por conceito, o grupo foi escolhido pela prefeitura para arrendar o terreno por 80 anos. Este projeto marca a primeira construção nova do Mietshäuser Syndikat em Munique. O edifício é um empreendimento de habitação social subsidiada dentro do modelo de financiamento "München Modell-Genossenschaften". O processo de planejamento cooperativo foi conduzido pelo escritório de arquitetura etal. Todas as decisões do grupo foram tomadas com base no consenso.


O terreno, localizado na região sudeste de Munique, situa-se em uma área predominantemente residencial, composta por casas unifamiliares e sobrados. O edifício de três andares e livre de barreiras arquitetônicas abriga, em cada pavimento, um apartamento coletivo com áreas comuns de estar e refeição. Cada unidade habitacional possui banheiro privativo e infraestrutura para instalação de uma cozinha compacta. No térreo, um espaço multifuncional serve tanto aos moradores quanto à comunidade local. No subsolo, há espaços compartilhados adicionais, como bicicletário, oficina de marcenaria e lavanderia. A fachada voltada para a rua apresenta três pavimentos, enquanto o lado do jardim é definido por um telhado em mansarda que conforma uma fachada de dois andares. O restante do telhado é coberto por vegetação e painéis fotovoltaicos. O edifício foi projetado com estrutura de madeira: todos os andares acima do solo utilizam sistema de estrutura leve, enquanto os poços dos elevadores e as lajes são de madeira laminada colada.



O telhado foi concebido com estrutura de caibros aparentes, permitindo que sua construção fique visível nos espaços residenciais do último andar. O revestimento externo é formado por painéis verticais sobrepostos, em madeira de abeto local e chapas de aço trapezoidais, que protegem os brises de madeira contra intempéries. Para reduzir custos, as paredes externas — isoladas com celulose e lã de madeira — foram construídas sem um revestimento adicional para passagem de fiação elétrica. O piso em contrapiso de cimento foi mantido aparente, apenas lixado e tratado com óleo. O desejo do grupo por quartos individuais de tamanhos semelhantes foi decisivo para o conceito do projeto. A estrutura simples e marcante oferece flexibilidade a longo prazo para diferentes formas de morar. Sete quartos, com cerca de 18 m² cada, organizam-se ao redor de um corredor central e de um núcleo de banheiros. As conexões hidráulicas foram planejadas para permitir a instalação de cozinhas em seis desses quartos, sem grandes modificações.




As paredes internas foram projetadas como divisórias entre unidades, garantindo o isolamento acústico necessário e permitindo futuras reorganizações. Elementos chamados de "pontos de ruptura" — como vigas e soleiras — possibilitam a adição ou remoção de quartos. Esses recursos tornam visível aos moradores o potencial de transformação do espaço. Elementos funcionais, como os brises de madeira, foram pensados para permitir que os próprios residentes possam realizar alterações, manutenções ou reparos com técnicas simples de montagem. O processo participativo e o alto nível de envolvimento dos moradores na construção fortaleceram o vínculo com a casa e garantem que o conhecimento sobre sua adaptabilidade possa ser transmitido às futuras gerações.













